18.8.11

Um problema social



As pessoas são más... Até aquelas que tentam parecer "docinhas" são cruéis, mas não percebem... Estão tão cegas por suas existências perfeitinhas que se esquecem que na verdade não sabem nada sobre aqueles a quem magoam.






Por exemplo, na escola. Todos nós já fomos ou conhecemos algum deslocado, alguém que senta afastado e que a turma chama de "estranho". Posso falar com confiança, pois fiz parte dos desajustados e continuo fazendo... As pessoas esquecem-se de levar em consideração que os outros tem problemas, que os outros são tímidos, que os outros tem dificuldade para se relacionar ou passam por dificuldades. São tão céticas achando que tem o direito de julgar, que acabam sendo injustas e transformando uma vida transtornada em um inferno. E isso me entristece muito... Me magoa saber que somos assim...






Também há aqueles casos isolados em que a pessoa de tão calejada, começa a atuar. Não tem nada pior do que fingir sorrisos quando seu coração sangra. Não há nada pior do que fingir ser o que você não é só para não ser julgado erroneamente e para não ficar só... Pois não se pode mais contar com as pessoas, o apoio que elas prometem é falso, a segurança que elas oferecem é de natureza duvidosa e você acaba se vendo obrigado a fingir para não ficar sozinho...






Então vez ou outra as pessoas descobrem por tudo o que você passou e tem passado, descobrem coisas que só de imaginar já provocam arrepios que percorrem todo o corpo. É ai que você percebe que aquele sorriso esconde um mundo de lágrimas silenciadas pela solidão prolongada. Não uma solidão externa, mas sim a solidão de pensamentos que não são compreendidos ou correspondidos. A solidão de saber que não se tem com quem contar.









~T.

8.8.11

Sozinhos no Silêncio




Gritos jogados no silêncio onde ninguém mais além dos fantasmas no papel de parede pode ouvir. Mas não há ninguém lá, não há ninguém lá. Os rostos nas molduras não dizem nada além do que poderia ter sido dito. São apenas gritos mudos jogados no silêncio, ninguém está lá para ouvi-los, ninguém está lá para apreciá-los. Eles só dizem respeito ao vazio e ao tormento.




O desespero da solidão bate gélido no peito cortando qualquer esperança como uma faca cega ferindo o inexplicável. Haverá algo mais a ser feito ou deveremos nos prender apenas à certeza de um amanhã obscurecido por nossos próprios pensamentos?






*Imagem by: http://monsterbrains.blogspot.com/ todos os direitos pertencem ao Aeron Alfrey, um grande artista*












~T.

4.8.11

Diário parte V: Fantasmas




03 de Março


Estava observando o lado de fora pela minha janela, a escuridão obstruindo a minha visão. A cálida chama da vela iluminava apenas o solo no primeiro andar. Tudo estava quieto e tranqüilo, não fazia-se ouvir ruído sequer, até a brisa calma que chacoalhava as folhas espreguiçando-as na escuridão parecia ter sido roubado. A noite estava quente, porém agradável, distrai-me passando o dedo pela borda da caneca brincando com o vapor que subia quente da infusão do chá.




Os pensamentos havia levado-me tão longe que não percebi que o líquido ainda não fora sorvido. Senti-me boba mais tarde ao notar que ele já esfriara. Mas tudo estava quieto demais... E aquilo simplesmente não era normal! Aproveitei para dar mais uma olhada no velho diário que encontrara no esconderijo na parede perto a lareira do escritório.




"Não agüento mais, eles estão me deixando louca, os gritos, as vozes e os sussurros estão me deixando louca! Eles ecoam em minha mente e ressoam em meus ouvidos, e algo dentro de mim parece reagir a isso. Primeiro os símbolos e os animais brutalmente assassinados e agora essas vozes? Por que tudo isso vem acontecendo? Eu não consigo entender... Acho que algo dentro de mim despertou, algo grande e fora do normal, isso está me consumindo e tomando conta de mim. No começo deixou-me apavorada, agora pareço gostar... Não posso continuar. Não posso! É completamente insano. Será que tem alguma ligação com aquela floresta que parece chamar o meu nome? Não tenho certeza, mas preciso fazer alguma coisa!"




Assim que terminei a última linha, fechei a capa com força em um sobressalto. O som de passos vindos do sótão pegou-me desprevenida, eles ecoavam alto como o som de um tambor e meu peito subia e descia com rapidez pela respiração arquejada. Pisquei algumas vezes com força após os longos segundos esquadrinhando o teto com olhos atônitos. Eles estão aqui.












~T.