e mulheres da ponte
enquanto eu vagava num cemitério
em busca de flores secas.
Música, um evento de supernovas
e nebulosas místicas
acenderam nossos espantos como lamparinas vigilantes
e nossos lábios puderam
se tocar num amanhecer destituído de pompa.
Houve espasmos e flores, houve risos inocentes e cantoria
Mas também houve sangue e o terror iminente
quando nossas mãos se soltaram por um instante.
Meu corpo pediu asilo no ópio de pó de estrelas tristes
e a alma buscou sarcófagos para se esconder da madrugada,
ainda que por um instante.
Enfim abrimos os olhos como conchar fáceis
e na praia silente nos entregamos ao Oceano
e meu desejo se espalha sobre a Terra como um éter quente.
Na tua ausência
minhas mãos acariciam teus cabelos pretos
e banho teu corpo retesado por algum sonho selvagem.
Como uma canção que me toma o espírito ao acordar,
como um santo enlouquecido que profetizasse suas visões,
sou João Batista que canta no poço, pálido,
e que assim atormenta Salomé, a Louca de Vontade.
E caminhamos em meu delírio contando histórias
do Alvorecer da Humanidade,
tempo primordial em que éramos crianças tolas
E dançamos nus no meio do vento, e sua língua
derrama em minha boca frutas roxas, tenras, vivas
Flores que gritam de tesão e pássaros que pintam poemas na Lua.
Quero somente ser tua serva, e teu mestre
e de mãos dadas contra a chuva
vou te mostrar todas as ervas alucinógenas,
todas as canções de sereias velhas,
enquanto me tornarás de novo inocente,
criança imune ao vodu, às bruxas dos dias,
e me abrirás como uma concha diante do espaço sideral,
e beberás lentamente todo o gozo que houver.
Como numa guitarra tocarás meu corpo
e música sem regras harmônicas será libertada,
e ainda assim os anjos se emocionarão
diante de Éden reencontrado.
Seus olhos são de noite viva,
sua boca é de Verões da adolescência,
seu corpo e pintado,
e nos sinais desenhados, devaneio,
e adormeço com a alma acalentada
e os seios tensos de sonhos doidos
protagonizados por cupidos excitados.
~Cecil.
e ainda assim os anjos se emocionarão
diante de Éden reencontrado.
Seus olhos são de noite viva,
sua boca é de Verões da adolescência,
seu corpo e pintado,
e nos sinais desenhados, devaneio,
e adormeço com a alma acalentada
e os seios tensos de sonhos doidos
protagonizados por cupidos excitados.
~Cecil.
Retirado de: O com da cidade e as contas de vidro
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