**Essa pequena oneshot é baseada no sonho da minha amiga Larissa, que se passa dentro do universo de Soul Calibur, game que passamos a madrugada jogando hahahahah. Espero que gostem :)**
Rizza caminhava pela floresta com passadas largas, o capuz preto cobrindo metade de seu rosto e o sol refletindo sombras em sua pele alva e os cabelos escuros escondidos. A medida que andava o vento fazia sua capa voar revelando suas vestes provocantes, longas botas de couro brancas e desenhos de arabescos dourados que iam à cima de seus joelhos, um colam decotado imitando as botas, com uma abertura revelando sua barriga, luvas que combinavam com o conjunto e uma reluzente espada amarrada a sua cintura. Estava caminhando à dias parando poucas vezes para comer e descansar, era perigoso ficar a céu aberto e à cada minuto perdido, mais longe ela ficava de encontrar a Soul Edge.
Ao entardecer do 126º dia de jornada, ela chegou à uma pequena aldeia ao sul da Bavária, aos pés dos Alpes. Resolveu passar a noite em uma estalagem escondida nos cantos remotos da tal aldeia, tivera a sensação de estar sendo seguida a semana inteira, e não queria dar muito na vista.
A ambientação da estalagem era simples, toda ela era construída em madeira e pedra, a porta principal dava para um corredor estreito que levava ao bar e a escada que dava acesso ao porão e aos quartos no andar de cima. No mais, era um ambiente bem humilde e o estalajadeiro parecia ser um homem taciturno e amargo, por tanto, sem mais delongas pediu um quarto e dirigiu-se para uma das mesas, onde logo uma jovem de face pálida e seios salientes veio trazer-lhe uma tigela de sopa de lentilhas, um pedaço de pão preto, queijo e uma caneca de cerveja espumante.
O cheiro de bolor do local irritava seu nariz, a época das chuvas estava chegando e a madeira das paredes já inchara com a umidade, tornando o lugar desagradável, mas ela aguentaria por uma noite, baixou a cabeça e pôs-se a comer quieta, quanto menos atenção chamasse, melhor. Um velho bêbado esbarrou nela e assim que viu que se tratava de uma mulher tentou se engraçar para o seu lado. Puxou o punhal que escondia na bota e apoiou a lâmina na barriga dele.
-Se tiver amor à vida é melhor nem pensar nisso. - O velho saiu cambaleando e ela terminou de comer em paz.
Seu quarto tão simples quanto o resto da estalagem, possuía apenas uma cama encaroçada, um baú, uma bacia para lavar o rosto e um pequeno espelho quebrado. Jogou sua mochila sobre o baú, alojou a espada em um dos cantos do quarto e deixou-se tragar pelo colchão desconfortável. Haviam manchas escuras no teto, seus olhos formaram desenhos com elas até sua mente ser tomada pelo mundo dos sonhos e lembranças.
Vislumbrou o início de tudo: o treinamento, as horas gastas, as dores no corpo, as bolhas e hematomas, as batalhas com outros guerreiros, a morte de seu mestre, a destruição de sua aldeia pela mão de Nightmare e o início de sua jornada para destruir a Soul Edge.
Seus olhos se abriram com ruído da madeira do soalho estalando, sua mão instintivamente procurou a adaga escondida sob o travesseiro e esperou o momento certo para pular de pé. Foi empurrada com força por alguém ou alguma coisa e caiu batendo as costas na parede atrás de si, levantou-se novamente e teve o deslumbre de uma sombra negra que avançava sobre ela novamente, chutou a criatura encapuzada na altura do estômago e tentou acertá-lo com o punhal, mas ele segurou seu braço e o torceu fazendo-a curvar-se até quase o chão, a criatura socou Rizza no rosto, e ela por sua vez, conseguiu puxar seu braço e derrubou-o com uma rasteira, novamente tentou acertá-lo com o punhal, mas a lâmina foi impedida. Para proteger suas partes vitais a criatura colocou o braço na frente, fazendo com que Rizza fincasse a arma nele. O sangue escorreu farto da ferida, Rizza puxou a lâmina de volta, devolveu o soco no rosto e cravou o punhal no peito nele.
Tirou o capuz do seu agressor e percebeu que se tratava de um espectro com aparência humana. Teve a impressão de ter visto o vulto de outros humanoides pela janela, então rapidamente vestiu sua capa, juntou suas coisas e desceu a escada em disparada.
Estava prestes a atravessar a porta quando uma mão a deteve, gelou e virou-se esperando encontrar outra das criaturas, mas seu coração acalmou-se ao ver que se tratava do estalajadeiro.
-Onde pensa que vai sem pagar? - Bufou furioso.
-Ah! Perdoe-me, não tinha essa intenção...
-Se pensa que pode dar-me algum golpe minha jovem, está deveras enganada! - Fuzilou-a e Rizza achou melhor apenas pagar e não dizer mais nada.
Deu as costas e foi surpreendida por outro espectro na saída, as setas disparadas pela Besta atingiram a parede do pequeno corredor e quebraram um vaso com flores mortas. Rizza aproveitou um momento de guarda baixa e trespassou-o com sua espada, logo em seguida correu em disparada pelas ruelas olhando para todos os lados, o sol ainda não havia saído e por isso tinha alguma dificuldade de enxergar as sombras à sua volta.
Seu coração estava acelerado e pediu aos deuses que nenhum aldeão estivesse na rua. Deu de cara com uma rua bloqueada, praguejou e virou-se rapidamente desembainhando a espada. O primeiro humanoide teve seu ataque impedido pela lâmina de Rizza, que brilhou com os reflexos da pouca claridade e do sangue fresco.
O segundo usava uma luva com garras e abriu um talho no abdômen dela, deu-lhe uma cotovelada no rosto e pulou girando sobre a cabeça dele, atravessou-o com a espada pelas costas, derrubou o terceiro acertando-o no peito, rodou na ponta dos pés e decepou a cabeça do quarto. Correu então em direção a praça principal da aldeia, de lá ela encontraria facilmente o caminho que levava ao outro lado de floresta.
As primeiras luzes do alvorecer já despontavam no céu quando alcançou a fonte no meio da praça, os comerciantes começavam a montar suas barracas, era dia de feira, e Rizza amaldiçoou-se por sua falta de sorte. Correu por entre as carroças e paus das estruturas das barracas e alcançou a floresta, a luta continuaria dentre as árvores. Mais setas passaram raspando e fincaram-se nos troncos, uma delas fez um risco vermelho na bochecha de Rizza, o sangue escorrendo e pingando em seu peito.
Um dos espectros pulou em sua frente e no desespero de tentar frear os pés, Rizza deslizou no tapete de folhas e caiu no chão, outro espectro pulou em cima dela e tentou acertá-la com uma adaga, mas ela desviou e acabou tendo o ombro atingido, urgiu de dor e rangeu os dentes, socou-o empurrando para o lado e se colocou de pé. Arrancou a adaga do ombro e a arremessou na testa de outra criatura que se aproximava depressa, começou um embate com as outras três restantes, deu um chute alto derrubando uma, girou se curvando para fugir do ataque da outra e defendeu com a espada a pancada que levaria da Besta, decepou o braço do humanoide que a segurava e deu uma coronhada no outro que se aproximava.
Os golpes que vieram a seguir acertaram em cheio e ela precisou de alguns segundos para conseguir evitar os próximos. Seu peito arfava e ela respirava com dificuldade, estava exausta, o suor escorria juntamente com o sangue e se tornava grudento, todos os sons a sua volta diminuíram, apenas sua respiração pesada e os movimentos de seus adversários preenchiam seus ouvidos.
"Ainda não é o fim" pensou determinada, soltou a respiração e desferiu seu próximo movimento.
Partiu um deles ao meio, agachou a tempo de evitar um golpe e cortou as pernas de outro espectro, levantou impedindo a espada do último com a sua, deu um tranco empurrando-o para trás e trespassou seu coração, então voltou para fincar a espada na cabeça do que havia perdido as pernas.
Rizza respirou fundo fechando os olhos quase que em sincronia e ergueu a cabeça sentindo os raios do sol lamberem seu rosto. Aquela batalha havia acabado, mas a jornada pela Soul Edge estava apenas começando.
~T.