28.2.13

Assombração





Meu coração é escuro como as profundezas do oceano,
e minha alma está partida e fria.
Ninguém consegue me encontrar.
Sou invisível.

Minhas lágrimas penetram na pele
tingindo seus pensamentos com tristezas.
Afogando-o na salmoura do esquecimento
E enchendo seus pulmões de sal grosso.

A doçura lhe é tomada por meus tentáculos fantasmagóricos
e os acordes do órgão tocam a "Tocata e fuga em Ré menor" de Bach.
Categóricos.
Fazendo um arrepio subir por sua espinha congelada pelo medo.

Na soleira da torre alta se escondem olhos vermelhos
em prontidão
Escaravelhos, poeira e solidão.
Uma gargalhada anuncia a chegada do vento
e asas negras espantam a relva.
Minha maldição.

Tudo o que toco apodrece e vira cinzas,
do pó a embriaguez inalada,
do silêncio sua voz apunhalada.
Os corvos aguardam pacientes
enquanto seu espantalho sorri escarnecedoramente.
Sua boca entreaberta traz o agouro de palavras amargas sibiladas na escuridão.

Meu corpo é de névoa e de meus olhos escorrem pérolas
Pérolas contendo suas memórias mais sombrias,
aquelas que o reviram na cama de noite.

Meu coração é escuro como as profundezas do oceano,
e minha alma está partida e fria.
Ninguém consegue me tocar.
Sou invisível.


~T.

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