Ao soar do décimo segundo badalar a maldição foi quebrada.
A pira em seu peito se acendeu, seus olhos se abriram e sua prisão de cristal se partiu em dez mil estilhaços brilhantes. Se sentiu viva. No alto da torre que marca as horas, podia-se perceber uma inquietação, um vulto que desaparecia na forma de fumaça negra, deixando para trás uma rosa vermelha e um verso que se perdeu com o sussurrar do vento de velhos lamentos e desejos não realizados.
Passos secos partiram a grama amarelada, gritos distantes, depois o silêncio e mais nada. O chão se abriu abaixo de si e tudo o que pôde perceber foi a sensação de cair no vazio fazendo pressão em seu estômago. Lembrou como era sentir medo e rezou para algum deus antigo pela salvação.
Ao longe uma ave acorrentada despontou resgatando-a da queda livre, a ave a levou para bem longe de toda a dor e todo o sofrimento. Sentiu-se segura e agradecida, então fechou seus olhos e sorriu. Este foi seu erro, pois não percebeu quando voltou a ficar presa em uma redoma de cristal. Fora pega pela maldição mais uma vez.
~T.
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