11.4.12

Entardecer


O sol morno tocando minha pele com seus raios.
As gotas frias da garoa eriçando os pêlos do meu braço.
O perfume da terra molhada e jasmins.
É disso que mais me lembro daquele doce entardecer de eras distantes e tempo inconcepto. Um frágil instante que desapareceu entre meados da alucinação.
Agora me perco dentre noites turvas e vazias, trazendo na mão uma garrafa cujo seu líquido chacoalha no silêncio e enrubesce minha face, enquanto caminho ao esquecimento ébrio à espera do amanhecer.
Para onde foram os momentos de plena felicidade? Esses foram devorados pela boca sorridente e escarnecedora do destino.
Venha fera e me fira com seus tentáculos agudos que gotejam veneno, talvez o amargo do seu ácido possa aquietar a ansiedade que o cigarro não cura.
Em meus débeis pensamentos rezo para que a morte venha ao meu encontro, pois não suporto ficar à deriva no meridiano do descontentamento em um barco de lástima e sofrimento.
Porém, possuo um último pedido a fazer... Seja minha, doce lembrança que aturdia-me como o canto de uma sereia seduzindo seu marinheiro feito de sonhos.
Seja minha eu imploro e guardarei meus pulsos para outrora, pois já se aproxima a aurora e não desejo dormir só.
Na cavidade úmida de meu peito descompassa um coração ferido, não permita que ele torne a sofrer de delírios e alucinações, pois o tempo é curto e já não possuo forças para caminhar. Seja minha doce lembrança e dê descanso para esse velho lobo do mar.


~T.

5 comentários:

  1. Anônimo13:25

    Adorável prosa poética...

    Encantadora!

    Quarta-feira maravilhosa para você, Tami!

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  2. Ora muitíssimo obrigada!
    Fico feliz que tenha gostado ^^
    Tenha uma ótima semana, Will

    Beijos

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  3. Impressionante...
    Mesmo sem seguir nenhuma tecnica de escrita classica de poesia, está um texto deverasmente impressionante.
    A construção faz os olhos deslizarem, a narração desfaz a noção de tempo e o texto em si é muito envolvente.

    Muito bonito. XD

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  4. Caralho, Tami. Muito bom.

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