22.6.13

Insignificância






 Pegou o relógio para ver as horas, mas se esqueceu de realmente olhá-las. Caminhou com as mãos nos bolsos e parte do rosto escondido pelo cachecol, fazia muito frio e o ar gelado feria sua face. Parou por uns instantes em frente a vitrine de uma loja fechada só para analisar seu reflexo, como podia existir tanta tristeza em um só olhar?

 "Você já olhou para cima e se deparou com um céu sem estrelas, e se sentiu tão vazio e insignificante ao ponto de sentir aquela escuridão acima de sua cabeça te tragar e consumir por completo, até não sobrar mais nada? Nem dor, nem sofrimento, nem angústias, mágoas ou corações partidos, somente o nada absoluto e o vazio que o acompanha?" - pensou.

 Continuou sua caminhada para casa passando em frente a um parque, sentiu que aquelas árvores altas e desfolhadas lhe seguiam com olhos invisíveis e tenebrosos, apertou o passo, mas não sentia realmente medo, era apenas o desespero apertando seu peito fazendo o ar lhe faltar.

 Quanto tempo já havia passado? Quanto mais teria que sentir aquilo? Não soube responder, só queria voltar para casa e tomar uma xícara de chá quente, enquanto ainda tinha vontade de algo. Chegou em casa, abriu o registro da banheira, olhou pela janela e observou as luzes das casas se apagarem uma a uma. "Será mais uma longa noite solitária...".



~T.

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