7.11.12

Chuva




Então você começa aos poucos a se tornar mais fria que a superfície gélida da janela embaçada pela chuva que corta a paisagem dando a tudo um tom de cinza azulado.
A noite começa a se aproximar lentamente tornando a silhueta das árvores assustadora, e tudo o que consegue pensar é em como seria bom tomar algo quente para espantar o frio, mas sua cabeça está cheia demais e seu peito vazio tornando tudo o que faça cansativo e sem propósito.
Você caminha descalça pela grama escorregadia e aos poucos começa a ter a pele abalada por tremores e arrepios causados pelo contato das lágrimas do céu, abre seus braços, ergue o rosto e começa a chorar. Não há nada de errado em deixar que a chuva encubra suas lágrimas, pelo contrário, caso alguém te veja não imaginará que esteve chorando.
A gravidade então joga seu peso sobre suas costas e você sente suas pernas falharem e quando se dá conta, já está de joelhos na grama com os nós dos dedos brancos de tanto apertar as unhas na palma das mãos, o vazio do peito é preenchido por um desespero de proporções tão grandes que você começa a hiperventilar e sente que a qualquer momento vai desmaiar. Então um grito involuntário corta sua garganta rasgando o lúgubre chiar da chuva e você tem a impressão que nunca mais conseguirá parar de chorar.



~T.

4 comentários:

  1. Bonito... mas levante-se da grama!

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  2. Pesado, muito pesado...esse negocio da gravidade...
    Mas ficou legal, um pouco ahhh, deixa pra lá. ^^

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  3. Fingirei que está me elogiando...

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